9 de dez. de 2009

Cerimônia de iniciaçao

Vídeo da cerimônia de iniciaçao de meninas - parte da dança.

8 de dez. de 2009

Os homens e seus rituais...

Já chegamos no Brasil e este deve ser meu último post deste ano. Sem choro-nem-vela, 2010 tem mais de Moçambique, Angola e quem sabe Botswana? ou Zimbábwe... A África é grande e assunto nao vai faltar.
Estas fotos sao de uma cerimônia de iniciaçao de meninas da tribo Maconde. É um ritual que marca a passagem da infância para a vida adulta. Meninas de 10 e 11 anos sentam-se em esteiras, sao molhadas, raspam seus cabelos e cobrem suas cabeças. As pessoas dançam sua passagem e depois elas passam 30 dias em cativeiro, apenas com mulheres aprendendo sobre "ser mulher".
Os Macondes estao presentes em Moçambique, Quênia e Tanzânia. Em Moçambique a colonizaçao portuguesa converteu grande parte dos Macondes ao catolicismo.
A língua oficial dos Maconde é o Chimakonde. Em 1997 a populaçao Maconde em Moçambique foi estimada em 1 370 000.
Tentar explicar o que foi essa experiência seria inútil, ou ao menos confuso.








4 de dez. de 2009

Feira do Pau

Sábado de manha fui às compras com uma amiga também brasileira (Claudia debutando na minha blogosfera!). Pra variar esquecemos o protetor solar e tostamos nossa nuca de novo.
Na "feira do pau" se o preço começa em 2000 pode chorar que chega nos 950.
No meio da feira um senhor brasileiro me chama de canto e pergunta: - Qual você diria que é o preço justo de uma caixa de madeira dessas?
Foi fácil responder ao brasileiro, porque a Claudia já tinha chorado o preço da caixa até nao poder mais e o negociante faria por 350 o que no início era 500.
Mas no começo a gente fica confuso e com remorso de pagar menos (eu ficava)... depois entende que nem o vendedor sabe explicar o preço que poe nas mercadorias. Ele olha pra sua cara e chuta bem alto se você é branco e estrangeiro.
Enquanto você negocia o preço com um vendedor vem sempre outro do seu lado e fica sinalizando que faz um preço melhor pela mesma coisa. Fica mostrando o produto dele por trás do vendedor com quem você está negociando, até esse perceber. Aí eles começam a discutir...
Mais divertido e autêntico que shopping, só me irrita quando estou saindo da feira e vem meia dúzia de ambulantes atrás tentando que eu faça minha última compra. Usam a técnica do desconto: - Amiga, vou fazer preço bom... leva dois e eu faço desconto. Depois, a técnica da novela: - Amiga, me ajuda, estou a precisar, leva só um pra me ajudar.
E a lenga-lenga vai até você entrar no carro. Eles ficam do lado de fora falando algo que eu nao sei porque eu nao leio lábios.
E se você nao está de carro, como eu e a Claudia naquele dia, eles vao andando atrás. Mesmo depois dela ser categórica: - Amigo, eu NAO quero, percebeu?
Em Sao Paulo a gente já ia achar que o ambulante ia nos atacar, assaltar e surrar. Ele só continua andando atrás... por mais dois quarteiroes. Parece que ele está de sacanagem, mas essa nada mais é do que a famosa técnica de vencer pelo cansaço.










2 de dez. de 2009

Sotaque suíço

A salsicha, quando é suíça, se escreve diferente...


1 de dez. de 2009

Eleiçoes, por Johannes Beck

"Pérola da cooperação no Oceano Índico", "democracia exemplar" e "país africano de sucesso". Nos últimos tempos, instituições como o Banco Mundial, a União Europeia e o Governo federal alemão, não pouparam elogios à boa governação e à democratização em Moçambique. Mas as eleições de 28 de Outubro, apesar de bem organizadas e executadas, acusam defeitos de monta.

O incumprimento da lei pela CNE

A falta mais grave foi cometida pela Comissão Nacional de Eleições, quando excluiu as listas da terceira força política emergente, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) de nove dos 13 círculos eleitorais do país. Um número de outros pequenos partidos também foi excluído da votação.
A Comissão Nacional de Eleições justificou a sua decisão com a falha dos candidatos de entregar documentos como o certificado de registo criminal. Mas apesar de insistir no respeito à letra da lei por parte dos candidatos, a própria comissão não cumpriu os regulamentos. Por exemplo, recusou ao MDM um prazo para a entrega dos documentos em falta, assim como a possibilidade de substituir os candidatos.
Trata-se de uma violação clara da lei. Além disso, aquela entidade não justificou, até hoje, detalhadamente, as suas decisões, vedando o acesso a documentos relevantes.

Freliminização

Outras ocorrências tornaram estas eleições pouco justas. Os candidatos da FRELIMO recorreram sem pejo a recursos do Estado. Por exemplo, usando regularmente carros de serviço da administração pública para a deslocação durante a campanha eleitoral.Não é novidade para ninguém que em Moçambique é cada vez mais difícil distinguir entre a administração pública e o partido FRELIMO.
Desde a tomada de posse do Presidente, Armando Guebuza, em 2004, os funcionários do país sofrem uma pressão enorme para aderirem ao partido governamental.
A FRELIMO reserva para os seus membros os cargos mais importantes, vedando o acesso à administração aos especialistas independentes.

Os doadores internacionais deviam agir

Chegou a altura dos países doadores reivindicarem claramente uma maior democratização. O primeiro passo poderia ser a suspensão ou a redução drástica dos apoios directos alemães ao Orçamento de Estado de Maputo. Afinal de contas, entre as condições impostas pelo governo alemão para a concessão da ajuda orçamental destacam-se a boa governação e o respeito pelas regras da democracia.
Este seria um sinal inequívoco e bastante doloroso para o Governo de Moçambique. Metade do Orçamento de Estado é financiado directamente por ajudas externas. O que não impediria que fossem levados avante os projectos em curso em Moçambique financiados pelos doadores, uma vez que é mais fácil controlar a aplicação financeira neste contexto.
Ainda não é tarde para salvar a democracia em Moçambique. Mas para isso é necessário que os países doadores tornem explícita a necessidade de uma mudança de rumo da FRELIMO.
É preciso impedir que se repitam eleições injustas como as de 28 de Outubro passado.

Autor: Johannes Beck, Deutsche Welle

30 de nov. de 2009

Lobolo








Em Moçambique ainda se cultiva o costume de pagar o lobolo, uma quantia para a família da noiva pela perda que representa seu casamento e sua saída de casa.
A familia pede o que quer de lobolo... capulanas, dinheiro, jóias, bebidas, etc. O homem leva os bens pra família e pede o consenso dos pais da noiva para o casamento.
Entre os pedidos, está sempre uma quantia de dinheiro, que pode ser 150 meticais (5 dólares) ou até 10 milhoes de meticais.
O próprio ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, deu 55 cabeças de gado como lobolo para a família de Graça Machel, esposa do falecido presidente de Moçambique, Samora Machel.
O Registro Civil de Maputo é chamado de "Casa dos Casamentos".
A cerimônia do lobolo acontece antes do casamento e muitos moçambicanos acabam nao registrando sua uniao. Se a mae falece, a familia do homem é responsável pelos filhos do casal.
Muitas mulheres criticam o valor do lobolo e sentem-se vendidas.
Casamentos sempre facilitaram as alianças territoriais e comerciais. A prática de trocar a filha por alguma coisa foi institucionalizada pela própria sociedade e os moçambicanos acreditam que sem essa cerimônia que agrada aos ancestrais, o lar do casal nao será feliz.


Neima

Essa é uma das músicas da cantora Neima, dona dos sucessos "Desculpa meu deus, se eu sou a outra" e "Te amo, vem pra cá xuxu"...

29 de nov. de 2009

Bicha

Furar fila é um esporte muito praticado pelos moçambicanos. Eles sempre tem uma desculpa e uma cara de pau suficientes pra convencer qualquer desavisado que eles nao tem que entrar na bicha.

Estou na fila do caixa do supermercado e um senhor vindo nao sei de onde, passa na minha frente e pára.
Eu: Amigo (aqui todo mundo chama você de amigo entao eu também vou no embalo), eu estou na bicha.
Digníssimo: Estou com ela. (apontando pra sra. ao lado)
Eu para a sra: A sra. está junto com ele?
Sra: Eu nao.
Eu: O senhor vai ter que ir pra bicha como todo mundo, pode dar licença, faz favor.
Cara de pau: Eu estava aqui e só fui...
Eu: Ah nao quero mais saber. Nao é problema meu. Tenha vergonha!

26 de nov. de 2009

IDH


De acordo com o IDH da UNDP, dos 116 países classificados, Moçambique é o que mais melhorou sua qualidade de vida em relaçao a 1990: quase 50%.
A UNDP usa como parâmetros renda, longevidade e educaçao.
Claro que existem muitas críticas à esse índice. A principal crítica é que o conceito de desenvolvimento humano é muito mais complexo do que se poderia captar um índice composto por esses critérios, e que estes indicadores talvez nao sejam os mais adequados.
Nao é um campeonato onde se pode comemorar 1º 2º ou 3º lugar... mas nao custa divulgar. No link da UNDP é possível ler o relatório sobre Mozambique.

19 de nov. de 2009

O que a chuva faz...

Vocês me desculpem se eu nao escrevo nada profundo faz um tempo. Deve ser a umidade que assola meu cérebro porque faz dois dias que nao pára de chover nessa terra de maputos.
O pior é que as crianças da vizinha nao podem sair de casa. E nao sao poucas crianças, a vizinha tem tevê, mas fez mais de 7 filhos.
Elas descobriram ultimamente uma pérola da música brasileira (aqui só chega pérola e salsicha de frango) da excelentíssima cantora dona Ivete Sangalo.
Eu sei bem quando a música começa porque escuto os pulos das tresloucadas começar. E aí na sequência vem:

É de babaixá! É de balacubaco!
É de babaixá! É de balacubaco!

Eu quero beijar
A sua boca loca
Eu quero beijar
A sua boca loca...

E eu vou enfiar
Uva no céu da sua boca (!!!)
Eu vou enfiar
Uva no céu da sua boca...

E ai! Chupa Toda!
Ai! Ai! Ai
Chupa Toda!
Chupa! Chupa! Chupa!

Me pergunto se a mae delas sabe o que elas fazem na hora da sessao da tarde...

11 de nov. de 2009

Ponta do Ouro

Fim de semana passado fomos para Ponta do Ouro. Fica no extremo sul de Moçambique, na fronteira com a África do Sul.
Tirando a parte pra chegar e a parte pra ir embora, a viagem foi ótima. Na estrada passamos pela Reserva Natural de Maputo, e você tem a chance de fazer o que podemos chamar de "rodeio dentro do carro". Sabe quando o peao chacoalha em cima do touro? É assim que faz o carro com você. Durante 3horas e meia. É óbvio que nós erramos o caminho, entao 4horas.










Meu palpite é que eles ficaram felizes de ir pra praia... ou pensam que sao os novos tartarugas ninja.


10 de nov. de 2009

Já ia esquecendo dos Himbas

Os Himbas sao um povo nômade da Namibia, que conseguiu manter boa parte de seu estilo de vida tradicional. Caminhando na cidade é comum vê-los. Pra tirar uma foto, ela disse que eu tinha que pagar. Pago.


5 de nov. de 2009

3884km e chega



Chega de passar a noite em saco de dormir, que casulo é coisa de borboleta. Chega de comer alface e pao. De armar e desarmar barraca todo dia... o legal é se jogar numa cama pronta e com mais travesseiros do que você precisa. E chega de tomar banho dividindo o box com mais 10 insetos (eu esmaguei alguns, mas só porque sei que nem vao fazer falta).
Fazer xixi atrás de arbusto só é engraçado na primeira vez. E ter que beber 3litros de água por dia te leva a muitas vezes...
É muito bom voltar pra casa, ouvir o som da minha língua materna - mesmo com o sotaque, tas a ver? - e abraçar muito. Ganhei até abraços das minhas terríveis vizinhas de 4 anos. De repente vi todas correndo na minha direçao: Vizinhaaaa!!!!

O Ministério da Saúde adverte... o abraço causa dependência física e psicológica.

4 de nov. de 2009

Vidrex

Eu tô vendo que o Vidrex nao dura nessa casa... E hoje descobri o porquê. A Esther passa vidrex em tudo. É vidrex na mesa de madeira, vidrex nos livros pra tirar poeira, nas prateleiras e no sofá de couro. Essa na foto é a Esther... com cara de quem passou vidrex em tudo quanto é lugar, menos no vidro.

Cape Cross








O primeiro europeu a chegar na Namibia foi o português Diogo Cao, em 1486, que ergueu uma cruz de pedra em homenagem ao rei de Portugal (era uma tradiçao dos portugueses erguer uma cruz em todo lugar que chegavam). Quando os alemaes chegaram lá, levaram a cruz que hoje está num museu em Berlim e a substituíram por uma cruz deles. O lugar era bom para ancorar e a colônia de focas garantia carne e pele para exportar, mas nao tinha água. Para isso era preciso condensar água do mar.

Segundo nosso guia, Cape Cross tem uma colônia de 85mil a 100mil focas. Vou contar... é fedido. É como mergulhar numa piscina de peixe, podre. Fiz um filme pra mostrar a barulheira que elas fazem...


2 de nov. de 2009

Dunas e Sossusvlei

As dunas de Sossusvlei alcançam 330 metros. Grupos de turistas chegam antes do amanhecer e começam a subida para o topo das dunas, pra assistir o nascer do sol.
A cada passo que você dá, parece que deu dois pra trás. No começo o ritmo é acelerado, mas logo diminui e muita gente pára no meio do caminho (fracotes...). O problema de parar é que você vai escorregando, como aconteceu com uma senhora. Ela continuava escorregando e repetindo I'm ok!
Bye-bye senhora.
As dunas eram usadas em treinamento militar. Devia ter um monte de soldado "pedindo pra sair".
Sossusvlei é como uma panela de lama seca (última foto), que só se enche de água uma vez a cada 10 anos depois de fortes chuvas.